terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
AVE-MARIA - Vicente de Carvalho
Sobre a soleira da porta
Da casa pegada à minha
Vejo sentada a vizinha:
Moça, e bonita... Que importa?
Tem nos braços o filhinho;
Fala-lhe, toda carinho;
Ele ouve; sorri; depois,
Responde-lhe, balbucia...
E, de mãos postas, os dois
Murmuram a Ave-Maria.
Ante meus olhos perpassa
Uma visão: imagino
Maria, cheia de graça,
Jesus, louro e pequenino.
Uma tarde cor-de-rosa...
Uma vila assim modesta,
Assim tristonha como esta...
De pescadores, também...
Sobre a planície arenosa
Por onde o Jordão deriva
Pousa a sombra evocativa,
Das montanhas de Sichém...
À porta de humilde choça,
Um mulher... Quem é ela?
É pobre... é jovem... é bela...
E e Mãe: comovida, a espaços
O seu olhar se adoça,
O seu olhar se ilumina
Para a figura divina
Do filho que tem nos braços.
Mostra-lhe, à noite que estrela
O céu e que a terra ensombra,
Como a tera é toda sombra
Como o céu é todo luz...
E o filho, enlevado nela,
Em êxtase balbucia...
A primeira Ave-Maria
Quem a rezou foi Jesus.
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